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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Burt Lancaster a um Passo da Eternidade

Por Altamir Pinheiro

Há quem diga que um perfume masculino muito usado nos anos 60, por nome de LANCASTER seja proveniente ou tenha sido criado em razão da fama do ator norte-americano BURT LANCASTER, o que não é verdade. No Brasil, o cantor brega Reginaldo Rossi, já falecido,  tem uma música intitulada A Raposa e as Uvas do começo da década de 1980 que consta em uma das suas  estrofes a seguinte frase: EU TODO CHEIROSO À "LANCASTER" / E VOCÊ À "CHANEL"... Na verdade, LANCASTER era um Perfume argentino muito usado na época, tendo dado até o nome a uma casa noturna de São Paulo, na Rua Augusta,  muito badalada e o   Lancaster era um perfume masculino intenso que se usava  no ambiente.  A empresa foi criada em Mônaco, por um ex-piloto do avião de bombardeio Lancaster, na Segunda Guerra Mundial, mas a fragrância tinha como país de origem: Argentina.

POIS BEM!!! Além de ator e produtor, Lancaster foi também um empenhado ativista liberal, falando várias vezes em nome das minorias e  defensor intransigente  das causas indígenas. Foi um dos astros de Hollywood que participaram da marcha de Martin Luther King em Washington, em agosto de 1963. Ele veio da Europa, onde estava rodando um filme, apenas para participar do evento. BURT LANCASTER era o que se pode chamar de homem culto e distante da ostentação da maioria dos astros de cinema. No final da década de 60 ocorreram muitas manifestações sociais pelos direitos humanos, especialmente dos negros. Liberal por princípio e DEMOCRATA politicamente, Burt Lancaster associou seu nome a esses movimentos, ao lado de Marlon Brando, Paul Newman, Sidney Poitier, Harry Belafonte, Charlton Heston.

O bom cinéfilo paulista, Darci Fonseca, costuma afirmar que, Hollywood jamais teve outro ator como Burt Lancaster. Bonito, másculo, atlético, culto, autoritário, perfeccionista. Incansável na busca do aprimoramento artístico e de novos caminhos para sua carreira, Burt Lancaster deixou um conjunto de atuações memoráveis difícil de ser igualado. Nos anos 70, o quase sexagenário Burt Lancaster atuou em quatro westerns: “Revanche Selvagem”, “Mato em Nome da Lei”, “Quando os Bravos se Encontram” e “A Vingança de Ulzana”, este o melhor deles. Essa sequência de westerns é algo impensável para um ator veterano e nenhum outro astro de sua geração seria capaz de tal proeza.

Foi nos anos 1950 que alcançaria a maior popularidade, tendo sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator, de 1953, pela atuação no filme "A UM PASSO DA ETERNIDADE". Receberia mais três indicações: em 1960 pelo já citado Entre Deus e o Pecado; em 1962 por O Homem de Alcatraz e em 1980 por Atlantic City. Além das interpretações dramáticas, Lancaster brilhou em filmes nos quais podia exibir sua excelente forma atlética(fora atleta de basquete e corredor de rua), como no drama Trapézio (1956). Trabalhou em seis filmes com o ator  centenário Kirk Douglas: Sem Lei e Sem Alma(1957); - O Discípulo do Diabo(1959); - A Lista de AD(1962); -  Sete Dias de Maio(1964),  e o derradeiro em 1986: OS ÚLTIMOS DURÕES.

Quando se fala em BURT LANCASTER vem a nossa memória,  "A UM PASSO DA ETERNIDADE". Para se ter ideia da importância desse filme,  que teve a participação de FRANK SINATRA, ele   foi contemplado com 8 Oscars, inclusive o de Melhor Filme. Além de CONTEMPLADO,  também foi  INDICADO para outros quatro. É uma excelente realização do cineasta Fred Zinnemann, que mostra um forte apelo para homens e mulheres.  Há, ainda, um apelo ao patriotismo americano, especialmente na cena onde heroicos soldados liderados por Burt Lancaster derrubam um bombardeiro japonês.   O foco do filme gira em torno dos romances vividos por Burt Lancaster e Deborah Kerr e por Montgomery Clift e Donna Reed.  Esses quatro grandes atores, juntamente com Frank Sinatra, apresentam excelentes atuações.  A performance de Lancaster pode ser considerada a coluna vertebral do filme. 

Dez anos depois do sucesso do filme A um Passo da Eternidade, em 1963, aparece O LEOPARDO, uma produção bancada pela Itália/França, com um elenco composto por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale. O Leopardo, filme de 1963, apresenta a história de uma família de nobres da Sicília nos anos de 1860, durante a unificação da Itália. No que diz respeito a FAROESTE, o melhor trabalho de Lancaster foi no filme OS PROFISSIONAIS(1966), com um elenco de primeira grandeza a começar por ele, depois vem Lee Marvin, Jack Palance, Ralph Bellamy, o negão Woody Strode e a divina e maravilhosa Claudia Cardinale.

Por fim, após sofrer uma cirurgia de urgência no coração,  teve uma trombose cerebral em 1990, que o deixou numa cadeira de rodas, vindo a falecer quatro anos depois de um ataque cardíaco. Encontra-se sepultado em Westwood Memorial Park, Los Angeles, Condado de Los Angeles, Califórnia nos Estados Unidos.  Possui uma estrela na Calçada da Fama localizada em Hollywood Boulevard. Acredita-se  que Lancaster  FOSSE BISSEXUAL, E TERIA TIDO RELAÇÕES COM OUTROS ATORES FAMOSOS como Cary Grant e Rock Hudson. Burt Lancaster  protagonizou uma das cenas mais lembradas do cinema até hoje: o ardente beijo no mar com a atriz Deborah Kerr em A UM PASSO DA ETERNIDADE, um dos seus maiores sucessos do cinema preto & branco.

Assista ao clássico A um Passo da Eternidade(1953), com ênfase para Frank Sinatra:


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