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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O dia em que Luiz Gonzaga esteve em Capoeiras


Agostinho Jessé



Era final de ano de 1986, tarde de um dia de conclusão do curso de magistério do Colégio Municipal de Capoeiras, onde tinha como algumas concluintes: Célia Rodrigues, Vandinha Reino, Vera de Genaldo e outras que não me lembro no momento. Foi aquele verdadeiro alvoroço a notícia de que Luiz Gonzaga estava em Capoeiras, procurando o local da solenidade e as concluintes das quais lhe chamara para ser homenageado. Ninguém acreditava que Vossa Majestade, o Rei do Baião, se encontrava em Capoeiras. Já na solenidade de conclusão na Igreja Matriz, cantou e discursou com seu jeito simples, bem nordestino, encantando a todos. Depois foi jantar na casa de Zé Carlos Rodrigues, irmão de uma das concluintes.


Neste mesmo ano-1986, Luiz Gonzaga participara do festival de música brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil-França 86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande Halle de La Villette no show de encerramento, junto com outros artistas brasileiros, para um público aproximado de 15 mil pessoas.

O que levou Luiz Gonzaga à Capoeiras?


Lecionava no colégio há dois anos e observava a tristeza dos alunos quando queriam homenagear pessoas e eram barrados pela direção. Ainda vivíamos sob período ditatorial, estávamos no processo de redemocratização do país, o Brasil estava frustrado pela campanha das diretas, ainda pairava no nosso país o autoritarismo, só em 1989, é que elegeríamos o presidente da república. E esses respingos da ditadura chegavam também em Capoeiras. Os paraninfos, patronos, padrinhos ou homenageados eram sempre políticos da situação-ARENA. Até o então senador da República-Marcus Freire-MDB, teria sido negado a sua indicação, pois todos elas teriam que passar pelo crivo da direção, quando não eram de políticos alinhados com o poder local, eram negados. Foi aí que eu levei a discussão para a turma. Por quê não homenagear um artista, da nossa terra, que tenha contribuído com a construção de nossa identidade. Sugeri: Alceu Valença, Domiguinhos, LUIZ GONZAGA e outros. Se é pra homenagear políticos; que alguns deles nem comparecem, nem sequer dão satisfação, então vamos homenagear um artista, este pelo menos tem nossa admiração. Aí a turma teve a felicidade de escolher LUIZ GONZAGA, nem acreditando que ele viria à Capoeiras.



Neste período o mesmo já residia em Exu tendo retornado em l985, à terra amada, na qual viveu até 1989, ano de sua morte. Ainda em 1989, gravava seu primeiro LP pela Copacabana, seguidos de mais três LPs, que seriam os últimos de sua carreira. No dia 06 de Junho, Luiz Gonzaga sobe pela última vez num palco, com o auxílio de uma cadeira de rodas. A platéia presente no teatro Guararapes no Centro de Convenções no Recife não podia prever que não mais veria o Velho Lua. Ao lado de Dominguinhos, Gonzaguinha, Alceu Valença e vários outros amigos e parceiros, e desobedecendo à ordens médicas. Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de Agosto de 1989, às 05.15hs, no Hospital Santa Joana, no Recife, onde dera entrada há 42 dias. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado e o Governo de Pernambuco decretou luto oficial por três dias.

No dia 13 de dezembro, Gonzaguinha, Fagner, Elba Ramalho, Domiguinhos, Joãozinho do Exu e Joquinha Gonzaga cantam à meia noite parabéns para Luiz Gonzaga, em Show realizado em Exu. Nesse mesmo dia, pela manhã, foi inaugurado em Exu por Domiguinhos e Gonzaguinha o Museu do Gonzagão.

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